O Talismã da Morte – Aventuras Fantásticas #22

Você está recuperando a consciência. seus olhos se abrem, inquietos, ao som da ave canora que gorjeia alegremente. Você está deitado num sofá de veludo verde, situado na mais alta torre de um castelo branco suspenso nas nuvens.

Ao se levantar, olha ao redor. A ave canora, cujas penas macias são de um brilhante dourado, está pousada no parapeito, resplandecente contra o dossel azul-marinho de um céu sem sol.

Ao se levantar usando estranhas roupas extraterrestres, calças de couro verde-escuro e uma jaqueta de couro densamente acolchoada. Nos seus pés há botas de couro de bezerro castanho avermelhadas, flexíveis e confortáveis, às quais as calças estão presas na batata da perna. Uma pesada espada encontra-se em um dos seus lados e, surpreso, você percebe que, de alguma forma, sabe usá-la habilmente e com uma força mortal. Enquanto a ave canora gorjeia, você tenta, em vão rever algumas recordações da Terra, mas tudo é confuso e distante. Você foi afastado do mundo que conhecia e treinado para a arte da esgrima. Não se lembra sequer de de quem o treinou ou por quê, mas o punho da espada se encaixa confortavelmente á sua mão. Desembainhando-a, você ataca e defende, ficando maravilhado com o deslizar da espada pelo ar, mais rápido do que o olho pode perceber.

O pássaro cantor não parece perturbado com sua ótima exibição de esgrima, mas você fica surpreso quando ele levanta a cabeça e lhe fala, a voz soando como uma flauta, que toca alegremente.

“Bem-vindo, Campeão do Destino. Não fique desanimado, você ainda não está em perigo.“

“Onde estou?“, você pergunta, sentindo-se como se estivesse em um sonho.

“Bem longe de sua casa, receio dizer. Este é o mundo de Orb e você está no Jardim dos Deuses.“

“O que é Orb?” você pergunta.

“Você vai achá-lo muito estranho muito estranho e surpreendente, pois é muito diferente da Terra. os homens têm de compartilhá-lo não só com criaturas falantes como eu, mas com monstros esquisitos e cruéis, gigantes, dragões e demônios. Nas cidades há também magos e bruxos, muito habilidosos em magia. Mas não tenha medo, você foi escolhido para ser o nosso campeão porque tem mais probabilidade de ter sucesso do que qualquer outro na terra. Agora tenho que completar minha tarefa. Venha, meus mestres convidam-no a se juntar a eles no compartimento abaixo. Por favor, siga-me.“

Com isso, a ave canora dourada vai descendo uma escada em espiral. Balançando a cabeça, confuso, você desce os degraus de pedra e entra num grande compartimento circular, onde dois seres se viram em sua direção. “Bem-vindo“, diz um deles, uma figura feminina pálida, envolvida em uma túnica rodada, de muitas cores, sobre a qual pode-se ver apenas uma cabeça perfeitamente lisa e sem cabelo. A túnica brilha fracamente, as cores mudam à medida que ela anda em sua direção, roubando a sua atenção antes que perceba o que está acontecendo. Olhando para a face da figura, você vê a sua própria imagem, lutando pela própria vida dentro de um templo enorme. Então, a imagem muda e você se vê saindo de uma cidade de muralhas, correndo sozinho por um descampado despovoado, para depois se achar mergulhado em uma selva, cercado por demônios de pele azul. Sua nuca se arrepia quando percebe que a figura não tem olhos na face pálida e lisa.

A outra figura muda enquanto você olha para ela. Em um momento, é um ancião de cabelos brancos, muito culto, em outro, uma criança, esperta para a idade. A metamorfose da juventude ao envelhecimento leva apenas alguns instantes, no entanto flui tao suavemente que você não pode perceber as características mudarem. A voz dele é suave e jovial. “Nós o convocamos aqui ao Mundo de Orb porque queremos evitar um desastre fatal ao equilíbrio da natureza. As crostas cósmicas têm sido inclinadas além dos limites e você deve corrigi-las. Não nos cabe, no Jardim dos Deuses, endireitar as coisas. Nós não podemos lutar contra aquele que traria o caos para Orb. É melhor usarmos homens coo nossas ferramentas. Não posso garantir que você vá ter sucesso.“

O chão do aposento em que você está pisando é o mapa mais realista e detalhado que se pode imaginar. Você pode ver até pequenas figuras lavrando os campos e andando pelas cidades de um mundo inteiro; um mundo de castelos pontudos; cavaleiros sobre cavalos, seus soldados carregando bandeiras que tremulam ao vendo; e cidades estranhas com mutos altos, torres e espirais, escondendo as espeluncas de assassinos e ladrões em meio ao esplendor. A imortal sem olhos dá um passo à frente, sua túnica agora tem a cor do fundo do mar, e ela acaricia a sua face. “Nós o estamos mandando para a superfície de Orb. Se cais nas garras da Morte, não poderemos ajudá-lo. Não nos desaponte!“

“Desapontar no quê?“, começa a perguntar. mas neste momento, para seu horror, você se vê arrastado inexoravelmente em direção a uma fenda preta no mapa. A percepção de que seu destino está sendo manipulado o enfurece e você resolve achar a qualquer custo um caminho de volta para a Terra e para sua casa. Enquanto o mundo de Orb se levanta para engolfá-lo, a esquisitice do que está acontecendo o desarma e você perde a consciência.

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